13/12/08

PARA HOJE

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Para hoje

É preciso ficar, aqui, entre os destroços,
E cinzelar a pedra e recompor a flor.
É preciso lançar no vazio dos ossos
A semente do amor

É preciso ficar, aqui, entre os caídos,
E desmontar o medo e construir o pão.
É preciso expulsar dos cegos dias idos
A insónia da prisão.

É preciso ficar, aqui, entre os escombros,
E libertar a pomba e partilhar a luz.
É preciso arrastar, pausa a pausa, nos ombros,
A ascensão de uma cruz.

É preciso ficar, aqui, entre as ruínas,
E aferir a balança e tecer linho e lã.
É preciso o jardim a envolver as oficinas:
É preciso amanhã.

António Manuel Couto Viana

in Memória Dividida
Coordenação Francisco José Viegas
Selecção Pedro Mexia




___G Mahler
Sinfonia nº 6 [final]
Lucerne Festival Orchestra
Direcção - Claudio Abbado



Música - YouTube
Imagens - 1.Fotografia. 2.3.4. Fotografias manipuladas. TINTA AZUL. 23.11.08

4 comentários:

Unknown disse...

O problema é bem esse, o amanhã!
Pensá-lo é quase subversivo...
É preciso gritar
que
é preciso amanhã!
Posso roubar este poema, para os meus alunos?
.
[Beijo...]

Tinta Azul disse...

Um Ar de...
Daqui levas tudo o que quiseres porque depois de aqui posto deixa de ter dono e neste caso o dono do poema é o Couto Viana :)

Eu é que fico contente por o levares para os teus alunos.

Beijos para hoje e amanhã
:)

Anónimo disse...

POEMA VERMELHO
by Ramiro Conceição


Degustar
o gomo
vermelho
do beijo.
Amanhece.

Trabalhar
o campo
do coração
da Vida,
e pensar-sentir
as flores
que Tu, Sol,
nos deste.
Anoitece.

Criar
beijos
(amor)
vermelhos,
e dormir
qual faz
em paz
o pássaro
que tece
‘encânticos’.
Amanhece.

mdsol disse...

E as fotografias... lindas
:))