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Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen,
in Geografia
- Kara Toprak
Black Earth
Piano - Fazil Say
Fotografia - Tinta Azul. 19.04.11
Música - YouTube
21/04/11
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1 comentário:
O poema não podia ser mais apropriado, quer na descrição do povo, quer na esperança que por fim acalenta. Palavras maiores de uma poetisa gigante. Palavras pertinentes e certeiras.
Magnífica escolha!
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