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Foi uma presença de afecto entre os meus 10 e 18 anos de idade, tempo em que vivi em Lamego, hospedada no Lar de Almacave, e frequentei a Escola Preparatória seguida da Secundária de Almacave [actualmente Latino Coelho, recuperado o antigo nome do Liceu de Lamego].
Passaram-se 28 anos sem a ver. Hoje fui a Lamego e casualmente - ou talvez não - soube dela. Não hesitei e mudei o curso do dia, de trabalho, pedindo a um amigo que me levasse ao Lar de Idosos para a visitar. Encontrei-a, muito velhinha, com 95 anos, e o mesmo ar doce que dela guardei todos estes anos. Receei que não se lembrasse de mim. Não se recordou de imediato do meu nome mas dizia conhecer-me. Porém, não demorou muito para que se lembrasse de tudo e me situasse perfeitamente. Depois falou, com precisão, da última vez que falámos ao telefone [por causa de um almoço de antigas alunas que se estava a organizar, ao qual não cheguei a ir já não me recordo porque razão] dizendo-me que eu ficara de voltar a falar e nunca mais o fizera. E foi verdade. Talvez por isso, hoje, não tenha adiado a visita para outro dia. Pude, assim, dizer-lhe o quanto gostava dela e como ela tinha feito a diferença* naquela grande casa cheia de raparigas a quem tratava com muito afecto e compreensão. Disse-me, por sua vez, que sempre tinha gostado muito de mim perguntando-me se eu o sabia. Sempre o soube, sempre o senti. E por isso hoje me emocionei tanto. E por isso fiquei com pena de não poder ficar mais tempo ali debruçada sobre a cama com as suas mãos tão pequeninas e frágeis entre as minhas. Agradeceu-me muito a visita dizendo que ia ficar triste por eu ter que vir embora. Fiquei de voltar. Saí de lágrimas nos olhos e também foi assim que ela ficou.
Espero poder cumprir.
Há pessoas que ficam para sempre guardadas dentro de nós. A D. Alzirinha ficou. Pela sua ternura, afecto e muita doçura num tempo em que as saudades de casa e dos pais doíam muito. Num tempo em que quem vivia na aldeia tinha que sair de casa, ainda criança, para estudar além da 4ª classe.
_Bach/Gounod
Avé-Maria
Violoncelo - Julian Lloyd Webber
Violoncelo - Julian Lloyd Webber
4 comentários:
Que texto lindo, me emocionei com você. Este sentimento de reencontrar pessoas do passado é sempre tão contraditório. Alegria e dor se misturam, mas como vale a pena... beijo
Ainda bem - para ambas - que lá foste :)
Que bom. Também me emocionei. Até porque no tempo em que ela fez a diferença para ti, eras ainda a minha menina pequenina.
:)))
DESISTO!!!
Ontem fiz um comentário grandinho.
Agora, fiz outro. Dizia que não me ia estender tanto.
Acabei por escrever quase tanto ou mais.
Ao clicar na barrinha vertical, para chegar à pre-visualização, devo ter tocado no fundo azul e tudo se foi de novo.
D E S I S T O !!!
Tenho pena que não possas ler o que te queria dizer...
Um beijo com saudades de te ver.
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