A cidade é um chão de palavras pisadas a palavra criança a palavra segredo. A cidade é um céu de palavras paradas a palavra distância e a palavra medo.
A cidade é um saco um pulmão que respira pela palavra água pela palavra brisa A cidade é um poro um corpo que transpira pela palavra sangue pela palavra ira.
A cidade tem praças de palavras abertas como estátuas mandadas apear. A cidade tem ruas de palavras desertas como jardins mandados arrancar.
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra. A palavra silêncio é uma rosa chá. Não há céu de palavras que a cidade não cubra não há rua de sons que a palavra não corra à procura da sombra de uma luz que não há.
José Carlos Ary dos Santos In Sofrimento Obra Poética, Edições Avante, 1994.
Do interessantíssimo Museu Americano de História Natural, que inicialmente não fazia parte do programa das visitas, trouxe, além de muitíssimos outros seres fantásticos, estas belíssimas borboletas. Um bonito caracol amarelo disse-me, no seu lento falar, que, quando as luzes se apagam e o Museu fica em profundo silêncio, as borboletas acordam para um ziguezagueante e colorido vôo nocturno.
_Jorge Palma Vôo Nocturno
Fotografias - TINTA AZUL. NY. 25.08.09 Música - YouTube.bakinho