23/06/07

A PROPÓSITO DE BEIJOS

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O'Neill [1924-1986]


Lembrei-me deste poema, do qual muito gosto, [que já transcrevi aqui a 19 de Outubro de 2006] a propósito do texto do Elson, no seu blog Elson Teixeira Cardoso, Variações sobre o beijo escrito a partir da crónica de Aquele beijo de Fabrício Carpinejar.



Gosto de beijos.
Gosto de pessoas que dizem palavras que me beijam.
Gosto, ainda mais, quando me beijam e me dizem palavras que me beijam, em simultâneo.

Para saber mais sobre a vida e obra de A O'Neill clicar
aqui.


No próximo post serei recorrente e teremos o Beijo de G Klimt e o Beijo de C. Brancusi, dos quais também gosto muito.

1 comentário:

ELSON TEIXEIRA CARDOSO disse...

Olá, fiquei tocado com a referência ao meu texto.
Sobre os poemas do Carpinejar, recomendo que visite seu site (www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br). Encontrará fragmentos de vários poemas.
Convido-a a visitar meu outro site (www.livrodeviagem.blogspot.com), que é restrito aos meus poemas. Quem sabe gostará.