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30/04/08
KEITH JARRET - CONCERTO DE COLÓNIA
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Gosto deste concerto de Keith Jarret, embora não tenha encontrado disponível, no you tube, exactamente a parte que queria.
Gosto deste concerto de Keith Jarret, embora não tenha encontrado disponível, no you tube, exactamente a parte que queria.
ABRIL - 25
29/04/08
SON[H]O DE PEDRA
28/04/08
HORAS MACIAS
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[as pernas nuas arranhadas pelo tojo.
Imagens - Fotografias. TINTA AZUL. Montedor. 26.04.08
por identificar,
ao prazer
ao prazer
da luz clara,
da contra-luz,
de todas as formas,
de todas as cores.
Todas as cores,
Todas as cores,
todos os sentidos.
Cada coisa.
Cada cor.
Sentido.
Cheio.
Macio.
[as pernas nuas arranhadas pelo tojo.
Os joelhos esfolados pelas rochas.
Que importa?]
Imagens - Fotografias. TINTA AZUL. Montedor. 26.04.08
LIEBESTRAUM - FRANZ LISZT
Por Evgeny Kissin.
Gostava quando o toque do meu telemóvel [que avariou] era este. Tão delicado.
DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE GATO
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Por ser um gato muitíssimo fedorento a exalar fragrância culta e odor inteligente.
Por fazer hoje 34 anos. Parabéns!
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Maia. 19.04.08
Por fazer hoje 34 anos. Parabéns!
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Maia. 19.04.08
27/04/08
O MAR
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Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!
António Ramos Rosa
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Montedor. 27.04.08
Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!
António Ramos Rosa
Porque hoje fui ver o meu mar.
Porque, quando me sento nas rochas a contemplá-lo,
quase sempre, me aparece, no horizonte,
este belíssimo mar
de António Ramos Rosa.
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Montedor. 27.04.08
25/04/08
25 DE ABRIL DE 1974
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Lamego. Quinta-feira. Um dia claro de céu muito azul. Logo pela manhã o meu Pai foi-me buscar. De mãos dada com ele, caminhámos até ao Colégio para vermos o meu irmão. Antes, uma conversa no Gabinete do Director, [as notas dele nem sempre eram muito famosas] onde ouço este, com ar apreensivo, dizer ao meu Pai que tinha acontecido qualquer coisa em Lisboa. O meu Pai que saíra muito cedo de casa, ainda não tinha ouvido, nem lido, notícias naquele dia.
Imagem - Cravo digitalizado, comprado na manhã do dia 25 de Abril de 2007, com inversão de cor.
Lamego. Quinta-feira. Um dia claro de céu muito azul. Logo pela manhã o meu Pai foi-me buscar. De mãos dada com ele, caminhámos até ao Colégio para vermos o meu irmão. Antes, uma conversa no Gabinete do Director, [as notas dele nem sempre eram muito famosas] onde ouço este, com ar apreensivo, dizer ao meu Pai que tinha acontecido qualquer coisa em Lisboa. O meu Pai que saíra muito cedo de casa, ainda não tinha ouvido, nem lido, notícias naquele dia.
Depois da visita ao meu irmão, fui almoçar para depois ir para as aulas. Já quase a chegar à Escola Preparatória, que ficava paredes meias com o Liceu Nacional Latino Coelho, deparo-me com uma multidão que grita: "assassino" "assassino", enquanto as letras de ferro que formavam as três palavras [António de Oliveira Salazar] que davam nome à Alameda mesmo em frente ao Liceu, eram arrancadas, com raiva e violência, à pedra onde estavam incrustadas. Estranhei muito ver o Miguel Ângelo, que devia ter já uns 17 anos, e que eu conhecia por ser primo de uma colega minha, a gritar no meio daquela gente toda. Estranhei porque o achava sempre muito calado, muito quieto. Aí percebo que, de facto, alguma coisa de importante se estava a passar e só podia ter a ver com a conversa que o Director do Colégio tivera com o meu Pai.
Lembro-me, também, duma colega, um ano mais velha que eu, a Maria João, filha do meu professor de História, ficar boquiaberta a olhar para tudo aquilo e se virar para mim para perguntar o que teria feito o homem para lhe chamarem assassino. Não lhe soube responder.
Não me lembro se chegámos à Escola se não. Sei que alguém nos mandou para casa, pois não haveria aulas, mas que fossemos por trás do Liceu, não pelas ruas do costume. Quando comecei a ver tanques e tropas por todo o lado o meu coração começou a ficar apertado. Que raio se passava?
Como desejei que o meu Pai ainda ali estivesse comigo. Mas não. Já tinha ido embora. [Naquele tempo, para se estudar além da Escola Primária era preciso sair da aldeia. Eu estava hospedada num Lar para estudantes].
No Lar ninguém nos explicou nada. Só sei que nos concentrámos frente à televisão a ver o que se ía passando nas ruas em Lisboa. Os tanques, as tropas. Uma confusão. Comecei a chorar. Chorava pela minha irmã que estava em Lisboa, já na faculdade. Chorava porque tinha medo do que lhe pudesse acontecer. Mal eu sabia da sua alegria a comemorar, bem no centro dos acontecimentos.
...
Não passou assim tanto tempo para que eu, por influencia da minha irmã, andasse nas ruas da católica Lamego, com um emblema do MES na lapela, o que me fez ser uma espécie de mascote do pequeno núcleo daquele pequeno partido em Lamego.
...
Também não demorou assim tanto tempo para que fizesse parte duma lista candidata à Associação de estudantes. Não fosse eu tão boa aluna e teria, provavelmente, sido expulsa do Lar onde estava, pois integrava uma lista onde havia dois colegas da UEC. Dizia a Directora do Lar que parecia impossível uma carinha tão bonita andar no meio dos comunistas, referindo-se ao cartaz da Lista B, que alguém fez o favor de lhe dar a conhecer.
Fui, então, convocada, com todas as colegas, para uma reunião de emergência para tratar desse assunto. Aquele Lar não era lugar para meninas comunistas. Eu nem era comunista. Nem outra coisa. Era eu. Defendi-me. Não me calei. Argumentei com o que pude. Mas, importante foi algo que nunca esquecerei, a solidariedade das minhas colegas que me defenderam com unhas e dentes, sem medo. Enfrentámos a Directora.
Passados uns dias fomos mais longe e desafiámo-la. À sexta-feira havia missa, à qual obviamente tinhamos que ir, quisessemos ou não. Naquela sexta-feira estavamos cheias de vontade de ir, porque tínhamos combinado uma acção provocadora. Fomos pejadas de autocolantes da lista B. À saída fomos todas juntas dar o beijinho da praxe à Directora, para que ela os visse bem e percebesse que não tínhamos desistido. Não sabíamos o que nos esperava. Surpresa das surpresas. Milagre. Nem uma palavra. Fez de conta que não viu nada, o que era impossível. Talvez porque as da linha da frente desta revolta fossem todas muito boas alunas, bem educadas e algumas de muito boas famílias. Não tínhamos cadastro algum a nosso desfavor. Nem sequer os nossos pais souberam de nada. Tínhamos ganho.
Mas, o que me soube melhor foi a cara de parvas das colegas mais velhas, de 6º e 7º anos, a olhar para a nossa ousadia, nós que tínhamos entre 13 e 15 anos, porque foi uma daquelas que fez o favor de informar a senhora directora que e minha pessoa fazia parte da lista do Humberto Costa, filho de um notável comunista de Lamego que era amigo de Álvaro Cunhal.
Depois, este acontecimento interno do Lar, soube-se fora. Tive que usar de toda a minha capacidade de convencimento para tirar da cabeça dos rapazes a ideia de organizar uma espécie de assalto ao Lar das Meninas. "Vamos lá uma cinquenta malta que ela [Directora] vai ver" frase que ficou na história deste acontecimento, pequenino, mas importante.
...Lembro, ainda, a fotografia da capa da Revista Observador onde se via uma enorme multidão em volta do carro que transportava António de Spínola. Lá mesmo no meio dos acontecimentos, a minha irmã, bem visível, coisa que não agradou muito ao meu Pai, sabia-se lá o que podia acontecer quando as multidões se descontrolam. Era essa a sua preocupação.
Hoje, passei parte da tarde à procura do livro sobre o 25 de Abril de 74 que tem essa e outras fotografias onde aparece a minha irmã, quase em cima do carro do Spínola, a dar vivas à revolução. Quando o encontrar, aqui postarei a fotografia.
...
Apesar de não ter tido consciência do que se passava naquela quinta-feira de luz e céu azul. Eu de mão dada com o meu Pai. Hoje, mesmo sem o calor da mão do meu Pai na minha, sinto-me tão dona deste dia como aqueles que vibraram com ele por saberem exactamente o seu significado. Somos donos daquilo que adoptamos enquanto modo de ser, estar e fazer...com os outros.
Imagem - Cravo digitalizado, comprado na manhã do dia 25 de Abril de 2007, com inversão de cor.
23/04/08
LAÇOS
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De muitos passos
Imagem - Fotografia. Lisboa. 21.04.08. Dedicada à um ar de.
De muitos passos
se tecem as cordas
que reforçam os laços.
Imagem - Fotografia. Lisboa. 21.04.08. Dedicada à um ar de.
ESTADOS DO CORAÇÃO
22/04/08
YES MINISTER!
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Lembrei-me, a propósito da Terra, Humana e Física, de um discurso do Ministro da Educação do Brasil que li, e guardei, há já bastante tempo não me recordando, agora, de quem mo enviou por email, nem da data exacta. Contudo, como foi durante a campanha eleitoral das últimas presidenciais dos EUA não é difícil situá-lo no tempo.
. "De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 27.03.08
Lembrei-me, a propósito da Terra, Humana e Física, de um discurso do Ministro da Educação do Brasil que li, e guardei, há já bastante tempo não me recordando, agora, de quem mo enviou por email, nem da data exacta. Contudo, como foi durante a campanha eleitoral das últimas presidenciais dos EUA não é difícil situá-lo no tempo.
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Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA...[Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...] durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia [ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros]. Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:
Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA...[Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...] durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia [ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros]. Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:
. "De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 27.03.08
DIA INTERNACIONAL DA TERRA E DIA NACIONAL DO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO
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O Dia da Terra e o Dia de Cada Coisa para a qual há dias nacionais, internacionais e mundiais, devia ser cada um e todos os dias. Como não é, lembro que hoje é o Dia Internacional da Terra e o Dia Nacional do Património Geológico.
O Dia da Terra e o Dia de Cada Coisa para a qual há dias nacionais, internacionais e mundiais, devia ser cada um e todos os dias. Como não é, lembro que hoje é o Dia Internacional da Terra e o Dia Nacional do Património Geológico.
Preservemos a Terra com convicção de Rocha!
Imagem - Fotografia.TINTA AZUL. Mina S. Domingos. 27.03.08
Imagem - Fotografia.TINTA AZUL. Mina S. Domingos. 27.03.08
21/04/08
RESISTÊNCIA
CANTOS
20/04/08
O PROMETIDO É DEVID[R]O
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Acordei tarde. Levantei-me porque sim. Porque é preciso levantarmo-nos. Porque há quem já esteja a pé e precise de nós. O dia invernoso entranhado na alma. A promessa da melancolia e da lassidão sentia-a no corpo. Um estranho cansaço que muitas vezes sinto. Que me agarra contra toda a minha vontade. Para agravar ainda me pus a pensar no dia de amanhã que vai começar cedíssimo, com viagem, apeteça-me ou não. Entranhasse-se-me a energia com que a chuva caía e a promessa do dia agradar-me ía muito mais.
Acordei tarde. Levantei-me porque sim. Porque é preciso levantarmo-nos. Porque há quem já esteja a pé e precise de nós. O dia invernoso entranhado na alma. A promessa da melancolia e da lassidão sentia-a no corpo. Um estranho cansaço que muitas vezes sinto. Que me agarra contra toda a minha vontade. Para agravar ainda me pus a pensar no dia de amanhã que vai começar cedíssimo, com viagem, apeteça-me ou não. Entranhasse-se-me a energia com que a chuva caía e a promessa do dia agradar-me ía muito mais.
Nada que apeteça fazer. Muito menos aquilo que tem obrigatoriamente que se fazer.
As janelas, recursos preciosos [ainda há dias ouvi contar um episódio interessantíssimo a propósito das idas à janela quando não se sabe o que fazer] para este estado de, não sei que me apetece, não sei que quero, nada se ajeita... Começo a olhar. O prédio da frente ainda por habitar. A chuva a cair com força nas janelas. Os desenhos. Os reflexos nos vidros espelhados, nuvens entremeadas de azul celeste, janelas do meu prédio distorcidas, cheias de efeitos especiais, ramos de árvores torcidos em agitação constante. Em baixo, a rua cheia de riachos, tantos cursinhos de água barrenta da terra, tantas formas diferentes. Olha, um coração de água!
Vou, depois, à janela do lado oposto da casa. Virada a Norte, a chuva parece cair ainda com mais vigor. As pequenas cerejeiras que alguém ali plantou, como se soubesse que eu era da terra das cerejas, com os ramos quase a entrarem-me janela adentro, dançavam ao sabor e saber do vento, já sem flores. A rua fez-se espelho, a água empurrada pelo vento desenha figuras no alcatrão negro cujo brilho encandeia o olhar.
Dou por mim a vestir o impermeável, a pôr um chapéu também impermeável e a dizer volto já, afinal o dia promete! Não levas guarda-chuva? Não preciso. O Sol está prestes a espreitar e uns chuviscos até me farão bem.
Saí. Caminhei, olhei, reparei. Com Sol e chuva. Voltei cheia de cores. Cores que ofereço à um ar de que hoje não pôde sair de casa.
Imagem - Fotografia. NR.TINTA AZUL. Maia. 20.04.08
Imagem - Fotografia. NR.TINTA AZUL. Maia. 20.04.08
19/04/08
CEDER
18/04/08
BORIS BEREZOVSKY
A energia, o vigor. A dança frenética, e ao mesmo tempo delicada, das mãos. O prazer de o ouvir. O prazer de o ver. Porque hoje preciso de energia. Porque Boris Berezovsky é um pianista inesquecível.
[Liszt - Estudos de Execução Transcendente nº 4.]
17/04/08
ALERTA LARANJA
15/04/08
14/04/08
ESPIRAL
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Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 14.03.08
em afastamento progressivo,
a partir de ponto fixo definido.
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Dá voltas e mais voltas,
a curva,
em sucessivo girar.
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Depois,
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Depois,
para se aproximar,
basta inverter o sentido.
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 14.03.08
13/04/08
13 DE ABRIL
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Mais nove anos que eu permitiram que fizesse com que muitas coisas fossem melhores para mim, soubesse a importância de outras, me tivesse comprado os primeiros [entre muitas outras primeiras coisas] jeans. Umas Lois, de um azul escuro lindíssimo, que me ficavam a matar.
Mais nove anos que eu permitiram que fizesse com que muitas coisas fossem melhores para mim, soubesse a importância de outras, me tivesse comprado os primeiros [entre muitas outras primeiras coisas] jeans. Umas Lois, de um azul escuro lindíssimo, que me ficavam a matar.
Com azul lhe dou os parabéns. Com azul da cor-do-céu nos dias limpos. À minha irmã. Que faz hoje anos.
Fotografia - TINTA AZUL. Março 2008.
12/04/08
SPRINTS
11/04/08
NA ILHA
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Ah, enganei-me. Daquele lado não tem mar, é Espanha."
Imagem - Fotografia de desenho a pastel da MJ quando tinha 5/6 anos.
Imagem - Fotografia de desenho a pastel da MJ quando tinha 5/6 anos.
10/04/08
PRESSENTIMENTO
PARABÉNS PRIMA D.
09/04/08
POR UM PH MAIS NEUTRO
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Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 29.03.08
Diz-se que, por ser alcalino, ajuda a combater os efeitos dos alimentos ácidos que comemos.
Considerando algumas coisas que, mesmo sem querer, comemos, tomarei isto em devida conta.
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL. 29.03.08
08/04/08
06/04/08
05/04/08
04/04/08
03/04/08
REACÇÕES
SÍNTESE DO SÉCULO
02/04/08
O CASO MENTAL PORTUGUÊS
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Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria “provincianismo”. Como todas as definições simples esta, que é muito simples, precisa, depois de feita, de uma explicação complexa.
Darei essa explicação em dois tempos: direi, primeiro, a que se aplica, isto é, o que deveras se entende por mentalidade de qualquer país, e portanto de Portugal; direi, depois, em que modo se aplica a essa mentalidade.
Por mentalidade de qualquer país entende-se, sem dúvida, a mentalidade das três camadas, organicamente distintas, que constituem a sua vida mental a camada baixa, a que é uso chamar povo; a camada média, a que é uso chamar nada, excepto, neste caso por engano, burguesia, e a camada alta, que vulgarmente se designa por escol, ou, traduzindo para estrangeiro, para melhor compreensão, por elite.
O que caracteriza a primeira camada mental é, aqui e em toda a parte, a incapacidade de reflectir. O povo, saiba ou não ler, é incapaz de criticar o que lê ou lhe dizem. As suas ideias não são actos críticos, mas actos de fé ou de descrença, o que não implica, aliás, que sejam sempre erradas. Por natureza, forma o povo um bloco, onde não há mentalmente indivíduos; e o pensamento é individual.
O que caracteriza a segunda camada que não é a burguesia, é a capacidade de reflectir, porém sem ideias próprias; de criticar, porém com ideias de outrem. Na classe média mental, o indivíduo que mentalmente já existe, sabe já escolher – por ideias e não por instinto – entre duas ideias ou doutrinas que lhe apresentem; não sabe, porém, contrapor a ambas uma terceira, que seja própria. Quando, aqui e ali, neste ou naquele, fica uma opinião média entre duas doutrinas, isso não representa um cuidado crítico, mas uma hesitação mental.
O que caracteriza a terceira camada, o escol, como é de ver por contraste com as outras duas, a capacidade de criticar com ideias próprias. Importa, porém, notar que essas ideias próprias podem não ser fundamentais. O indivíduo do escol pode, por exemplo, aceitar uma doutrina alheia; aceita-a, porém, criticamente, e, quando a defende, defende-a com argumentos seus – os que o levaram a aceitá-la – e não, como fará o mental da classe média, com os argumentos originais dos criadores ou expositores dessas doutrinas.
Esta divisão em camadas sociais, embora coincida em parte com a divisão em camadas sociais – económicas ou outras – não se ajusta exactamente a essa. Muita gente das aristocracias de história e de dinheiro pertence mentalmente ao povo. Bastantes operários, sobretudo das cidades, pertencem à classe média mental. Um homem de génio ou de talento, ainda que nascido de camponeses, pertence de nascença ao escol.
Quando, portanto, digo que a palavra “provincianismo” define, sem outra que a condicione, o estado mental presente do povo português, digo que essa palavra “provincianismo”, que mais adiante definirei, define a mentalidade do povo português em todas as três camadas que a compõem. Como, porém, a primeira e a segunda camada mentais não podem por natureza ser superiores ao escol, basta que eu prove o provincianismo do nosso escol presente, para que fique provado o provincianismo mental da generalidade da nação. (...)
Fernando Pessoa
[in Fama, nº 1, Lisboa, 30 de Novembro de 1932]
Textos de Intervenção Crítica, Edições Ática, 1993.
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Maia. 19.01.08
Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria “provincianismo”. Como todas as definições simples esta, que é muito simples, precisa, depois de feita, de uma explicação complexa.
Darei essa explicação em dois tempos: direi, primeiro, a que se aplica, isto é, o que deveras se entende por mentalidade de qualquer país, e portanto de Portugal; direi, depois, em que modo se aplica a essa mentalidade.
Por mentalidade de qualquer país entende-se, sem dúvida, a mentalidade das três camadas, organicamente distintas, que constituem a sua vida mental a camada baixa, a que é uso chamar povo; a camada média, a que é uso chamar nada, excepto, neste caso por engano, burguesia, e a camada alta, que vulgarmente se designa por escol, ou, traduzindo para estrangeiro, para melhor compreensão, por elite.
O que caracteriza a primeira camada mental é, aqui e em toda a parte, a incapacidade de reflectir. O povo, saiba ou não ler, é incapaz de criticar o que lê ou lhe dizem. As suas ideias não são actos críticos, mas actos de fé ou de descrença, o que não implica, aliás, que sejam sempre erradas. Por natureza, forma o povo um bloco, onde não há mentalmente indivíduos; e o pensamento é individual.
O que caracteriza a segunda camada que não é a burguesia, é a capacidade de reflectir, porém sem ideias próprias; de criticar, porém com ideias de outrem. Na classe média mental, o indivíduo que mentalmente já existe, sabe já escolher – por ideias e não por instinto – entre duas ideias ou doutrinas que lhe apresentem; não sabe, porém, contrapor a ambas uma terceira, que seja própria. Quando, aqui e ali, neste ou naquele, fica uma opinião média entre duas doutrinas, isso não representa um cuidado crítico, mas uma hesitação mental.
O que caracteriza a terceira camada, o escol, como é de ver por contraste com as outras duas, a capacidade de criticar com ideias próprias. Importa, porém, notar que essas ideias próprias podem não ser fundamentais. O indivíduo do escol pode, por exemplo, aceitar uma doutrina alheia; aceita-a, porém, criticamente, e, quando a defende, defende-a com argumentos seus – os que o levaram a aceitá-la – e não, como fará o mental da classe média, com os argumentos originais dos criadores ou expositores dessas doutrinas.
Esta divisão em camadas sociais, embora coincida em parte com a divisão em camadas sociais – económicas ou outras – não se ajusta exactamente a essa. Muita gente das aristocracias de história e de dinheiro pertence mentalmente ao povo. Bastantes operários, sobretudo das cidades, pertencem à classe média mental. Um homem de génio ou de talento, ainda que nascido de camponeses, pertence de nascença ao escol.
Quando, portanto, digo que a palavra “provincianismo” define, sem outra que a condicione, o estado mental presente do povo português, digo que essa palavra “provincianismo”, que mais adiante definirei, define a mentalidade do povo português em todas as três camadas que a compõem. Como, porém, a primeira e a segunda camada mentais não podem por natureza ser superiores ao escol, basta que eu prove o provincianismo do nosso escol presente, para que fique provado o provincianismo mental da generalidade da nação. (...)
Fernando Pessoa
[in Fama, nº 1, Lisboa, 30 de Novembro de 1932]
Textos de Intervenção Crítica, Edições Ática, 1993.
Imagem - Fotografia. TINTA AZUL.Maia. 19.01.08
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