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Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga, Câmara Ardente, 1962
Imagem - TINTA AZUL,parte de fotografia, esticada. Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia. Forum da Maia. Outubro 2007.
21/11/07
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1 comentário:
Adorei este poema.
Vou procurar os livros dele para adquirir porque não tenho nenhum (e faço questão de ler portugueses com certa freqüência).
Um abraço.
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