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Retrato do Cego do Maio nome pelo qual ficou conhecido o herói poveiro José Rodrigues Maio.
Um sinal do Maio acalma a tempestade. Muitas vezes nem espera um pedido de socorro. Mesmo enquanto dorme mantém um olho aberto. Não vá o tempo mudar e levar consigo algum pescador, mais descuidado. Outras vezes, quantas, se o vento vira, se as ondas se revoltam, lá está o Maio vigilante, olhar posto no horizonte, a mão em pala, para ver até mais não alcançarem os seus olhos. Se, lá longe, avista um barco desnorteado, remos ao ombro, enfrenta o mar às cegas, cego pelo mar, cego do mar, cego para roubar ao mar mais um náufrago, ou dois, ou os que puder. Mas, quem como Cego do Maio desafiou o mar? Já mais velho, continua a rasgar águas traiçoeiras, com a ajuda dos filhos, a quem pragueja:
- Barco à água! Mãos aos remos! Remai que se faz tarde!
E parte à deriva, sem medo. Sempre sem medo. Maio de pé, no barco, para não perder os companheiros de vista. A Senhora, porém, sempre ao seu lado:
- Sinhora dos Aflitos, valei-me! implora.
Retrato do Cego do Maio nome pelo qual ficou conhecido o herói poveiro José Rodrigues Maio.
Um sinal do Maio acalma a tempestade. Muitas vezes nem espera um pedido de socorro. Mesmo enquanto dorme mantém um olho aberto. Não vá o tempo mudar e levar consigo algum pescador, mais descuidado. Outras vezes, quantas, se o vento vira, se as ondas se revoltam, lá está o Maio vigilante, olhar posto no horizonte, a mão em pala, para ver até mais não alcançarem os seus olhos. Se, lá longe, avista um barco desnorteado, remos ao ombro, enfrenta o mar às cegas, cego pelo mar, cego do mar, cego para roubar ao mar mais um náufrago, ou dois, ou os que puder. Mas, quem como Cego do Maio desafiou o mar? Já mais velho, continua a rasgar águas traiçoeiras, com a ajuda dos filhos, a quem pragueja:
- Barco à água! Mãos aos remos! Remai que se faz tarde!
E parte à deriva, sem medo. Sempre sem medo. Maio de pé, no barco, para não perder os companheiros de vista. A Senhora, porém, sempre ao seu lado:
- Sinhora dos Aflitos, valei-me! implora.
in Cego do Maio -Anjo da Salvação
de Maria Manuela Costa
Lábios de espuma
a rebentar
na enorme boca do mar
explode a onda
rebenta a dor
se, faminta, engole barco e pescador.
Porque amanhã vou à Póvoa de Varzim.
Porque foi lá, não há muito tempo, que me encontrei com o Cego do Maio, e O Poveiro através dos livros que gentilmente me ofereceram.
T'Chemo - Barbara Furtuna
Imagens - Fotografias. TINTA AZUL. 15.01.09. 1. retrato, óleo s/tela [não sei quem é o autor], do Cego do Maio. 2. Mar da Póvoa de Varzim.
Música - YouTube.aluaflutua.
2 comentários:
Homens valentes. Quantos, como ele, por essa costa fora permanecem vigilantes. Em Angeiras também havia um, e lá estava o barco para arrancar aquelas vidas ao mar.
São relatos que fazem estremecer de autenticidade.
Já o dizia Pessoa num dos seus poemas!
Continuam a fazer falta pessoas assim, com esse arrojo, mesmo com tanta tecnologia.
Gostei, e muito
:)))
Beijinhos
Viste a quantidade de lanchas poveiras que estão representadas no quadro?
Pois, há mais de 50 anos, lembro-me bem de as ver encher quase totalmente a linha do horizonte em frente à Praia de Leça.
Era uma beleza de uma visão. E eu , inocente, a pensar que seria assim até aos últimos dias da minha vida.
Pouco tempo depois, começaram a desaparecer (estilo certa bicicleta...) até ficarem em nada.
Em 1994, vim numa da Póvoa ao Rio Douro...
E nos anos 70 (princípio) ainda organizei umas Regatas CEGO DO MAIO na Póvoa!
(Sou Sócio de Mérito do CNPovoense. Para que conste...).
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