Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.
Letra - José Carlos Ary Dos Santos
Música - Nuno Nazareth Fernandes
Simone de Oliveira acabou de ser entrevistada por Judite de Sousa no Canal 1 da RTP. Como me lembro bem do Festival da Eurovisão de 1969! Nessa altura os festivais eram um acontecimento extraordinário. Como me lembro, também, com muita nitidez, de estar a cantar a Desfolhada, empoleirada em cima duma mesa, em casa dos primos da Póvoa, onde gostava muito de ir, [não de Varzim] e de ter a sensação de estar a dizer qualquer coisa meio proibida quando cantava quem faz um filho fá-lo por gosto, porque todos se riam dum modo muito peculiar quando chegava essa parte. Sem perder a compostura, continuava a cantar e se me pedissem cantava outra vez. E cantava com gosto em cima daquela mesa feita palco. Tinha 6 anos.
E agora, reli com gosto redobrado o bonito poema de Ary dos Santos.
Imagem - Composição digital a partir de fotografia. TINTA AZUL.30.12.07
4 comentários:
acabei também de ver
e é tão verdade quem faz um filho o faz com e por gosto!
abraço
desculpa não ter pedido licença para entrar... como o fazer?
se voltares ao tufa (e gostaria que sim)... o blog cresce abaixo do primeiro post
abraço
Aqui não há campainha. A porta está sempre aberta :)
Vi a entrevista e acho aquela mulher espantosa. Quando viste o festival em que ela cantou a desfolhada devias ter 3 anos. E digo 3, por já cantares... ihihih
Eu era uma mulher feita...
Beijoca
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